Por
Leonardo Boff (*)
Profeta
no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele
que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz
advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da
história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir
da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se
continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do
povo ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das
violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma
função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto
diante de Deus e da natureza.
Lendo
alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a
situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos
dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão
preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa
civilização.
Há dias
em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha
vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença
de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E
lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido
voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá tomar um curso de alta. A
Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos
organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos
negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão
perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor
insuportável para poder sobreviver e garantir sua alimentação.
É num
contexto assim que leio trechos do profeta Isaías. Viveu no século
VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava
exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia.
Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de
devastação e de morte.
Neste
contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha
de devastação ecológica. As descrições se assemelham ao que pode
acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o
aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis
cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele
efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de
destruição de grande parte da biosfera.
Devemos
tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai
para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar
incluída em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24
como advertência e material de meditação:
“O mesmo
acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi
profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima
dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição
devorou a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se
quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra
cambaleia como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera
confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o
derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra
outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos
lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas
pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e
de ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois
as forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não
ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no
Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados
Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao
assistir a devastação ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas
catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança
sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à
responsabilidade.
Curiosamente,
apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina
com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre
todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se
dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E
Jesus arremata prometendo: “Quando começarem a acontecer estas
coisas, tomai ânimo e levantai a cabeça porque se aproxima a
libertação” (Lucas 21,28).
Depois
destas palavras proféticas não cabe comentário; apenas o silêncio
pesaroso e meditativo.
(*)
Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão
pela terra”, Petrópolis, Vozes.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=44945#sthash.5wsLI0oQ.dpuf
Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe comentário; apenas o silêncio pesaroso e meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
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Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe comentário; apenas o silêncio pesaroso e meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
- See more at: http://www.franciscanos.org.br/?p=44945#sthash.5wsLI0oQ.dpuf

Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe comentário; apenas o silêncio pesaroso e meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.

Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe comentário; apenas o silêncio pesaroso e meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
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