Pe. João Meyendorff
Traduzido para o espanhol por Naim Ganudo
do espanhol para o português por Hier. Pe. André
Comunidade Monástica São João, o Teólogo
São José - Santa Catarina.
do espanhol para o português por Hier. Pe. André
Comunidade Monástica São João, o Teólogo
São José - Santa Catarina.
«Quando a Igreja deixa de ser missionária,
perde sua razão de ser...»
perde sua razão de ser...»
Seria
demasiado óbvio destacar o fato de que o cristianismo teve início como
uma missão por excelência. Precisamos somente remeter às últimas
palavras do Senhor logo após sua Ressurreição: «Ide, pois, de todas as
nações fazei discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santos...»
A Boa Nova transformou a antiga religião de
uma nação, na nova religião de uma Pessoa: Jesus Cristo, por meio de
quem e em quem as pessoas de todas as nações puderam encontrar a
resposta, o significado da vida e puderam receber a revelação da chegada
de Deus.
Esta ênfase na Boa Nova é fundamental para a
missão. E, ao mesmo tempo, extremamente importante é a inevitável luta
do Reino de Deus e deste mundo. A vida inteira de Cristo pode ser
considerada como «reprovada», no sentido de que o mundo o recusou e
finalmente foi condenado à morte. Cristo, porém, ressuscitou da morte
pelo poder de Deus, não pelo poder do homem; e a verdade da Ressurreição
é um mistério revelado somente àqueles que crêem n'Ele e, por
conseguinte, àqueles que «não são deste mundo.» O anúncio da verdade do
Evangelho deverá "fazer frente" aos que se opõem e acarretará divisões.
Para ser mais concreto, vou citar uma breve
passagem do prólogo ao Evangelho de São João, escrita, ao que parece,
por São Cirilo, o Constantino de Salônica, quando foi a Morávia em
missões e lá pregar a Boa-nova. Uma de suas primeiras tarefas foi
traduzir as Sagradas Escrituras para a língua eslava para dar aos
convertidos a possibilidade de escutar e entender a palavra de Deus em
sua própria língua. O prólogo ao qual me refiro reza: «Como os profetas
da Antiguidade, Cristo veio para reunir todas as nações e línguas, posto
que é a vida deste mundo.»
O prólogo prossegue com o tema de
Pentecostes, que deve ser entendido biblicamente em contraposição a
origem da «torre de babel», no livro do Gênesis, no qual o conceito de
multiplicidade de línguas se converteu em uma maldição. Mas em
Pentecostes, quando veio o Espírito Santo, todas as pessoas começaram a
falar diferentes línguas, porém, a dizer «as mesmas coisas, no mesmo
espírito.»
Em outras palavras, na torre de babel, o
pluralismo de línguas se converteu em uma maldição, em Pentecostes,
porém, a multiplicidade de línguas se converteu em uma bênção, porque
permitiu que todas as pessoas entendessem: o Evangelho, a mesma verdade e
o mesmo Espírito, com a finalidade de torná-lo conhecido de todo o
mundo. Cristo veio para reunir todas as nações e línguas.
Este é o primeiro aspecto no conceito de
missão de São Cirilo e São Metódio, no qual a ortodoxia ao longo dos
séculos tem permanecido fiel: a idéia de que cada nação tem direito a
escutar e entender a palavra de Deus em sua própria língua. Esta foi uma
das chaves do êxito bizantino na idade média, como a palavra de Deus e a
Santa Liturgia foram traduzidas a língua de cada nação.
A missão na Igreja Ortodoxa foi sempre
inseparável da vida dos que pregaram, por exemplo, ao largo do Oriente
cristão, as comunidades monásticas foram agentes de evangelização. Isto
se aplica as primitivas missões cristãs, ainda nos séculos IV e V na
Etiópia, ou as missões bizantinas dos séculos VII e IX e de muitas
outras das missões russas em períodos posteriores. Seu êxito no foi o
trabalho de missões bem pagas em base a um contrato, pregando algo para
logo regressarem a seus lugares, senão de homens que amavam a Deus e as
pessoas a quem queriam transmitir sua fé. Este testemunho de amor
fraterno é a verdadeira solução para os nossos dias e época em que,
freqüentemente vemos o fracasso do cristianismo "profissional"
organizado.
Precisamente porque a missão é inseparável da
vida é também inseparável do progresso do pensamento teológico, do
pensamento cristão e da vida. O missionário, o teólogo, o cristão, devem
então entender o que os santos Padres ensinaram, de que o mesmo Senhor
pode proclamar a Boa Nova de um modo que seja claro para as gentes de
todo mundo, em seu próprio tempo.
A missão cristã é fundamentalmente o anúncio
da verdade de Cristo a todos. Como membros da Igreja Ortodoxa, afirmamos
que a nossa é a Igreja de Deus. Porém, significa isto que pensamos nós
que a verdadeira fé e verdade no mundo são monopólio formal da
ortodoxia? De nenhuma maneira afirmamos isto. A verdade pode existir em
qualquer parte e, a verdadeira catolicidade da Igreja implica a alegria
em descobrir a verdade quando e onde aparece.
Finalmente, um aspecto fundamental de como a
Igreja Ortodoxa entende a missão foi expressada pelo grande santo russo,
São Serafim de Sarov: «Salva-te a ti mesmo e, em tua volta, milhares
serão salvos.» Penso que até certo ponto, pessoalmente, a experiência de
acercar-se do conhecimento de Deus, da fé cristã, é a chave para uma
aproximação cristã da missão.
Podemos ter todas as organizações no mundo.
Podemos ter todos os meios para pregar o Evangelho e, ainda podemos
falar no que nos concerne pessoalmente ao conhecimento de Deus. Esta é a
verdadeira condição para fazer nossas palavras significativas e plenas
de sentido.
Fonte:http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/missiologia/ensinai_a_todas_as_nacoes.html
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