segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O verdadeiro desafio é a defesa dos novos pobres


'O papa de toda a Igreja Católica não pode ignorar o fato de que, mesmo em outros lugares, há grupos humanos afligidos por outras formas de pobreza'.

Há reformas tão urgentes que deveriam ser discutidas na comissão dos cardeais. O papa Francisco encontra-se hoje diante de uma série de decisões difíceis. Até agora, deu provas de grande empatia e sensibilidade. Essas qualidades lhe permitem tomar decisões necessárias e determinantes para o futuro.

Por Hans Küng*

O papa Francisco está dando provas de coragem civil e não só pela sua intrépida visita às favelas do Rio. Ele aceitou o convite a um diálogo aberto com os críticos não crentes, respondendo a um dos mais eminentes intelectuais italianos, Eugenio Scalfari. Das 12 perguntas do jornalista Eugenio Scalfari, do jornal La Repubblica, ainda em aberto, a quarta, a meu ver, sobre o tema de um guia reformador da Igreja, reveste-se de uma importância particular.

Jesus sempre afirmou que o seu reino não era deste mundo. "Deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Mas muitas vezes a Igreja Católica cedeu à tentação do poder temporal, que suplantou a sua dimensão espiritual. Portanto, Scalfari pergunta: "O papa Francisco representa finalmente a prevalência da Igreja pobre e pastoral sobre a institucional e temporalista?".

Atenhamo-nos aos fatos: desde o início, o papa Francisco renunciou à pompa e ao fausto pontifício, buscando, ao invés, o contato espontâneo com o povo. Diante dos inúmeros escândalos financeiros e da avidez de muitos eclesiásticos, ele começou com decisão uma reforma do IOR e do Estado pontifício, postulando uma política de transparência no campo financeiro.

Agora, porém, na sua obra reformadora, o papa terá que enfrentar uma prova decisiva. O papa de toda a Igreja Católica não pode ignorar o fato de que, mesmo em outros lugares, há grupos humanos afligidos por outras formas de "pobreza", que anseiam por uma melhoria da sua condição. Trata-se sobretudo de pessoas que o papa teria a faculdade de ajudar de maneira ainda mais direta do que os habitantes das favelas, dos quais os principais responsáveis são os órgãos do Estado e a sociedade como um todo.

A ampliação do conceito de pobreza já se entrevê nos Evangelhos sinóticos. O Evangelho de Mateus chama de bem-aventurados os "pobres em espírito", mendicantes diante de Deus, na consciência da sua pobreza espiritual. E, portanto, refere-se, do mesmo modo que os restantes textos das Bem-aventuranças, não só os miseráveis e os famintos, mas todos aqueles que choram, marginalizados e oprimidos, vítimas de injustiça, rejeitados, degradados, explorados, desesperados: Jesus chama para si não só os desamparados e os necessitados no sentido exterior do termo (Lucas), mas também qualquer pessoa que sofra no seu próprio interior a dor e a aflição (Mateus), incluindo também o peso da culpa. Multiplica-se assim, desmedidamente, o número e as categorias dos pobres necessitados de serem ajudados.

Em primeiro lugar, os divorciados, que em muitos países são milhões. E quando, como muitas vezes acontece, contraíram um segundo matrimônio, são excluídos dos sacramentos da Igreja pelo resto das suas vidas. Dada a maior mobilidade, flexibilidade e liberalidade da sociedade de hoje, mas também por consequência da crescente longevidade, é muito menos fácil que uma relação de casal dure por toda a existência. Mesmo diante dessas circunstâncias mais difíceis, o papa certamente continuará insistindo na indissolubilidade do matrimônio, mas esse preceito não deveria mais ser entendido como condenação apodítica de todos aqueles que, tendo fracassado, não pode, esperar uma remissão. E é justamente em nome da compaixão postulada pelo Papa Francisco que se deveria admitir os divorciados em segunda união aos sacramentos, contanto que o desejem realmente.

Em segundo lugar, as mulheres: milhões de mulheres que, em todo o mundo, são vilipendiadas por causa da atitude da Igreja sobre as questões da contracepção, da inseminação artificial e do aborto, e muitas vezes vivem a sua condição com ânimo angustiado. Quanto à proibição papal da inseminação "artificial", quem a observa é apenas uma pequeníssima minoria, enquanto, em geral, as mulheres católicas a praticam sem nenhum remorso de consciência. Por fim, o aborto obviamente não deve ser banalizado, muito menos adotado como método de planejamento familiar; mas as mulheres que optam por abortar merecem compreensão e compaixão.

Em terceiro lugar, os padres obrigados a renunciar ao sacerdócio por ter contraído matrimônio: são dezenas de milhares, nos cinco continentes. A abolição da obrigatoriedade do celibato constituiria a medida mais eficaz para resolver a catastrófica crise das vocações sacerdotais que afetou o mundo inteiro, com o consequente colapso da atividade pastoral. Além disso, a manutenção da obrigatoriedade do celibato tornaria impensável outra desejável inovação: a do sacerdócio feminino.

Todas essas reformas são urgentes e deveriam ser discutidas acima de tudo no seio da comissão dos cardeais. O papa Francisco encontra-se hoje diante de uma série de decisões difíceis. Até agora, deu provas de grande empatia e sensibilidade para com as aflições de tantos seres humanos, demonstrando em várias ocasiões uma considerável coragem civil. Essas suas qualidades lhe permitem tomar decisões necessárias e determinantes para o futuro sobre esses problemas, que, em parte, esperam uma solução há séculos já.
Fonte: http://www.domtotal.com/noticias/673555
La Repubblica, 20-09-2013.
* Hans Küng é teólogo e professor emérito da Universidade de Tübingen, Alemanha.

sábado, 21 de setembro de 2013

Teologia Medieval e a Teologia Franciscana

      O Medieval, em sua produção teológica , usa o espaço da Universidade, da Catolicidade, e sua efetuação universal da estética teológica é a construção de Catedrais. A Fé como caminho de busca do Sagrado, e a Intuição como leitura de uma Inspiração (para o medieval a intuição não é ciência) e a Teologia como compreensão da existência.
Fazendo um paralelo, o Moderno usa a Universalidade, a Cristandade, e a sua efetuação universal é construir empresas. A Intuição passou a ser a força de uma espiritualidade e transformou a intuição em ciência; a Causalidade (relação que une causa e efeito), e Ciência como compreensão e funcionalidade da existência.
Tanto para o Medieval como para o Moderno, a Teologia é vista como o “experimentum” da fé, mas não é a fé. Nos dois, a Teologia é a tensão entre o ser doutrina e o ser caminho.
O ser medieval, no que se refere à construção de uma identidade teológica, parte da “natura creata” (a contingência e a dependência do ser criatura), do “creatio” (o mundo, a criação, a cosmovisão) e da “fides” (acreditar na existência de Deus). E seu confronto entre doutrina e o Ser que se faz caminho, está na grandiosidade do momento que produz e sofre forte influência das Sumas Teológicas, dos Silogismos, do Voto de Suzerania, do Código da Cavalaria, das Cruzadas e Peregrinações.
O pensar teológico traz a experiência da “filiatio”, a consanguinidade das criaturas. A “natura” é o espaço da salvação, contém por si só todas as promessas da Terra Prometida. A Antiguidade inspira-se na “alethéia”, o Medieval na “natura”, um forte caminho de lembranças. Deus é o “a priori” de todas estas lembranças e experiências.
A força que move os corpos, a vida, a “natura” é Deus. O humano tem que abraçar estas leis e colocá-las a seu serviço. Leis gerais são as condições necessárias dentro das quais se movem as criaturas do universo. Não há senão Deus como a única força para mover os corpos. Qualquer movimento que o corpo faça, ele o faz pela causa divina.
Pode-se dizer que o Sol , com sua potência de energia, é uma causa geral de uma infinidade de bens, mas não tem nenhuma força por si mesmo. A sua única força é Deus. O Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis só pode ser lido e compreendido dentro desta perspectiva. E o humano medieval se coloca diante de uma condição: viver é estar na fidelidade, na lealdade , na obediência de uma causa divina.
Natura e creatio é dizer: creiamos em Deus criando por uma criação contínua. A visão de Deus é esta: “Que nous voyons toutes choses em Dieu”. A ontologia medieval é um aprofundamento do “a priori”. A sua cosmologia é afirmar que a essência de Deus se revela nas coisas criadas.
Conhecer é estar em união com Deus (união mística) e por esta união conhecer e amar todas as coisas criadas. O Ser é o humano em comunhão com o divino. A Cosmologia é a grande reverência à criação. A Teodicéia nasce aqui como a força natural que mostra o divino e o pensamento focado nos atributos de Deus.
Existência e Essência são a mesma coisa em todo ser criado. Como sabemos que uma coisa existe? Através do Ver = o imediato visível. A intuição. A maneira imediata de constatar a existência de tudo aquilo que é. O Tocar: tocar o objeto é um modo de ver. O Ouvir: escutar a fala de todas as coisas. Isto tudo traz a percepção pela mediação. É um caminho de fé subjetiva muito maior que as crenças. Crença é o que os outros ouviram e relataram, fé sou eu mesmo que verifico. Ver, pensar, crer e provar não se separam. É deixar vir as interrogações: Vocês duvidam que existe? Alguém já viu a alma? Existe em nós algo que não é corpo, que não é matéria? O Espírito pode ser uma realidade permanente pensado em nossa identidade e consciência? Como lembramos de fatos passados? Como o nosso hoje é um ontem de lembranças? Porque alguma coisa guardou para nós ou se guardou em nós. A grande questão medieval: como podemos estar certos da existência de Deus?
Teologia e Filosofia medieval sentam-se aos pés uma da outra e escutam-se mutuamente. Tanto a serva filosofia como a serva teologia querem mostrar que Deus é um Ser e uma Essência existencializada. Que Ser?
O Ser Possível = a Essência não inclui uma existência visível. O Ser Necessário = a Essência inclui uma existência. Deus é um Ser que passa da não-existência para a existência. Deus existe por ser o que é! Ele existe pelo fato de ser Deus. Ele é “prius natura” = anterior por natureza. Ele não existia e passa a existir.
Deus é um Ser absolutamente Necessário. É forçoso que exista algo absolutamente necessário. Enquanto a Obra, a Criação, o Mundo existirem, Deus existe necessariamente. A criação (o mundo) é eterna e necessária. A criação só pode provir de Deus que gera este processo necessário. O mundo é causado por Deus!
A Teologia Medieval, que vai gerar uma Teologia Franciscana, inaugura o confronto Fé e Razão. É a Teologia Medieval que traz o conceito da “fides quaerens intellectum”, isto é , a fé que procura compreender; ou o “credo ut intelligam”, creio para compreender. Deus, primeiro você procura e depois você compreende.
Não pode haver um mais ou menos se não houver o Máximo!
“Deus est id quod nihil maius cogitari potest!” Cremos que tu és um Ser do qual não é possível pensar nada maior! Um ser é certamente maior, se pensado na inteligência da realidade do que existente apenas na inteligência. Pensar Deus é pensá-Lo existente na realidade. Não é possível pensar que Deus não existe, nós O pensamos porque Ele existe. Existir na realidade é mais do que existir no pensamento. Quem pensa Deus só pode pensá-lo existente e dizer isto a partir da fé e do coração que crê.
A Filosofia e a Teologia Medieval são meios para assimilar os conteúdos da religião e progredir na fé.
Filósofos judeus também inspiram o pensamento teológico medieval. Ben Joseph (882-942), Ibn Gabriel (1058) e Moisés Maimônides (1135-1204) dizem que não é possível a revelação exata de uma verdade religiosa, e por isso os profetas usam uma linguagem metafórica que nos ajudam a pensar. É preciso perceber o movimento da existência que revela a força de algo ou de Alguém. Tudo o que se move é movido por outro. É o “panta rei” de Heráclito… tudo está na fluência de algo maior.
Se não existisse um Ser Necessário não existiria nada. De Deus nasce a realidade de mundo e o mundo tem evidências para encontrar razões necessárias para a existência de Deus. Nosso ser é dado por Deus. Ele não quis reter nada para si, a sua perfeição está em doar-se.
Fonte:http://www.itf.org.br/algumas-anotacoes-em-torno-de-caracteristicas-da-teologia-medieval-e-seu-pano-de-fundo-para-a-compreensao-de-uma-teologia-franciscana-2.html
Fr. Vitório Mazzuco Filho, OFM.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

«Ensinai a todas as nações»

Pe. João Meyendorff

Traduzido para o espanhol por Naim Ganudo
do espanhol para o português por Hier. Pe. André
Comunidade Monástica São João, o Teólogo
São José - Santa Catarina.

«Quando a Igreja deixa de ser missionária,
perde sua razão de ser...»

Seria demasiado óbvio destacar o fato de que o cristianismo teve início como uma missão por excelência. Precisamos somente remeter às últimas palavras do Senhor logo após sua Ressurreição: «Ide, pois, de todas as nações fazei discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santos...»
A Boa Nova transformou a antiga religião de uma nação, na nova religião de uma Pessoa: Jesus Cristo, por meio de quem e em quem as pessoas de todas as nações puderam encontrar a resposta, o significado da vida e puderam receber a revelação da chegada de Deus.
Esta ênfase na Boa Nova é fundamental para a missão. E, ao mesmo tempo, extremamente importante é a inevitável luta do Reino de Deus e deste mundo. A vida inteira de Cristo pode ser considerada como «reprovada», no sentido de que o mundo o recusou e finalmente foi condenado à morte. Cristo, porém, ressuscitou da morte pelo poder de Deus, não pelo poder do homem; e a verdade da Ressurreição é um mistério revelado somente àqueles que crêem n'Ele e, por conseguinte, àqueles que «não são deste mundo.» O anúncio da verdade do Evangelho deverá "fazer frente" aos que se opõem e acarretará divisões.
Para ser mais concreto, vou citar uma breve passagem do prólogo ao Evangelho de São João, escrita, ao que parece, por São Cirilo, o Constantino de Salônica, quando foi a Morávia em missões e lá pregar a Boa-nova. Uma de suas primeiras tarefas foi traduzir as Sagradas Escrituras para a língua eslava para dar aos convertidos a possibilidade de escutar e entender a palavra de Deus em sua própria língua. O prólogo ao qual me refiro reza: «Como os profetas da Antiguidade, Cristo veio para reunir todas as nações e línguas, posto que é a vida deste mundo.»
O prólogo prossegue com o tema de Pentecostes, que deve ser entendido biblicamente em contraposição a origem da «torre de babel», no livro do Gênesis, no qual o conceito de multiplicidade de línguas se converteu em uma maldição. Mas em Pentecostes, quando veio o Espírito Santo, todas as pessoas começaram a falar diferentes línguas, porém, a dizer «as mesmas coisas, no mesmo espírito.»
Em outras palavras, na torre de babel, o pluralismo de línguas se converteu em uma maldição, em Pentecostes, porém, a multiplicidade de línguas se converteu em uma bênção, porque permitiu que todas as pessoas entendessem: o Evangelho, a mesma verdade e o mesmo Espírito, com a finalidade de torná-lo conhecido de todo o mundo. Cristo veio para reunir todas as nações e línguas.
Este é o primeiro aspecto no conceito de missão de São Cirilo e São Metódio, no qual a ortodoxia ao longo dos séculos tem permanecido fiel: a idéia de que cada nação tem direito a escutar e entender a palavra de Deus em sua própria língua. Esta foi uma das chaves do êxito bizantino na idade média, como a palavra de Deus e a Santa Liturgia foram traduzidas a língua de cada nação.
A missão na Igreja Ortodoxa foi sempre inseparável da vida dos que pregaram, por exemplo, ao largo do Oriente cristão, as comunidades monásticas foram agentes de evangelização. Isto se aplica as primitivas missões cristãs, ainda nos séculos IV e V na Etiópia, ou as missões bizantinas dos séculos VII e IX e de muitas outras das missões russas em períodos posteriores. Seu êxito no foi o trabalho de missões bem pagas em base a um contrato, pregando algo para logo regressarem a seus lugares, senão de homens que amavam a Deus e as pessoas a quem queriam transmitir sua fé. Este testemunho de amor fraterno é a verdadeira solução para os nossos dias e época em que, freqüentemente vemos o fracasso do cristianismo "profissional" organizado.
Precisamente porque a missão é inseparável da vida é também inseparável do progresso do pensamento teológico, do pensamento cristão e da vida. O missionário, o teólogo, o cristão, devem então entender o que os santos Padres ensinaram, de que o mesmo Senhor pode proclamar a Boa Nova de um modo que seja claro para as gentes de todo mundo, em seu próprio tempo.
A missão cristã é fundamentalmente o anúncio da verdade de Cristo a todos. Como membros da Igreja Ortodoxa, afirmamos que a nossa é a Igreja de Deus. Porém, significa isto que pensamos nós que a verdadeira fé e verdade no mundo são monopólio formal da ortodoxia? De nenhuma maneira afirmamos isto. A verdade pode existir em qualquer parte e, a verdadeira catolicidade da Igreja implica a alegria em descobrir a verdade quando e onde aparece.
Finalmente, um aspecto fundamental de como a Igreja Ortodoxa entende a missão foi expressada pelo grande santo russo, São Serafim de Sarov: «Salva-te a ti mesmo e, em tua volta, milhares serão salvos.» Penso que até certo ponto, pessoalmente, a experiência de acercar-se do conhecimento de Deus, da fé cristã, é a chave para uma aproximação cristã da missão.
Podemos ter todas as organizações no mundo. Podemos ter todos os meios para pregar o Evangelho e, ainda podemos falar no que nos concerne pessoalmente ao conhecimento de Deus. Esta é a verdadeira condição para fazer nossas palavras significativas e plenas de sentido.
Fonte:http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/missiologia/ensinai_a_todas_as_nacoes.html

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Os profetas leem o presente e antecipam o futuro

Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo  ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá  tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder  sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio  trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições  se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída  em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou  a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia  como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de  ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as  forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação  ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata  prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo  e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe  comentário; apenas o silêncio pesaroso e  meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=44945#sthash.5wsLI0oQ.dpuf
Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo  ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá  tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder  sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio  trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições  se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída  em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou  a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia  como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de  ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as  forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação  ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata  prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo  e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe  comentário; apenas o silêncio pesaroso e  meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
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Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo  ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá  tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder  sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio  trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições  se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída  em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou  a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia  como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de  ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as  forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação  ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata  prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo  e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe  comentário; apenas o silêncio pesaroso e  meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
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Por Leonardo Boff (*)
Profeta no sentido bíblico não é em primeiro lugar aquele que prevê o futuro. É aquele que analisa o presente, identifica tendências, geralmente, desviantes, faz advertências e até ameaças. Anuncia o juízo de Deus sobre o curso presente da história e faz promessas de liberação das calamidades.
A partir da captação das tendências, faz previsões para o futuro. No fundo afirma: se continuar este tipo de comportamento dos dirigentes e do povo  ocorrerão fatalmente desgraças. Estas são consequências das violações de leis sagradas. E ai e projetam cenários dramáticos que possuem uma função pedagógica: trazer todos à razão e à observância do que é justo e reto diante de Deus e da natureza.
Lendo alguns profetas do Antigo Testamento e mesmo advertências de Jesus sobre a situação dos tempos futuros, quase espontaneamente nos lembramos de nossos dirigentes e de seu comportamento irresponsável face aos dramas que se estão preparando para a Terra, para a biosfera e para o eventual destino de nossa civilização.
Há dias em algumas partes do norte do mundo se rompeu a barreira tida como a linha vermelha que deveria ser respeitada a todo o custo: não permitir que a presença de dióxido de carbono na atmosfera chegasse a 400 partes por um milhão. E lamentavelmente chegou. Atingido este nível, dificilmente o clima aquecido voltará atrás. Estabilizar-se-á e poderá  tomar um curso de alta. A Terra ficará aquecida por volta de dois graus Celsius ou mais. Muitos organismos vivos não conseguem adaptar-se, não tem como minimizar os efeitos negativos e acabam desaparecendo. A desertificação se acelerará; safras serão perdidas; milhares de pessoas deverão abandonar seus lugares por causa do calor insuportável para poder  sobreviver e garantir sua alimentação.
É num contexto assim que leio  trechos do profeta Isaías. Viveu no século VIIIº a. C. num dos períodos mais conturbados da história. Israel se encontrava exprimida entre duas potências, Egito e Assíria, que disputavam a hegemonia. Ora era invadido por uma destas potências ora por outra deixando um rastro de devastação e de morte.
Neste contexto dramático, Isaías escreve um inteiro capítulo, o 24º, todo numa linha de devastação ecológica. As descrições  se assemelham ao que pode acontecer conosco se as nações do mundo não se organizarem para deter o aquecimento global, especialmente, aquele abrupto já advertido por notáveis cientistas e que poderá ocorrer antes do final deste século. Se ele efetivamente ocorrer, a espécie humana correrá grande risco de dizimação e de destruição de grande parte da biosfera.
Devemos tomar a sério os profetas. Eles decifram tendências numa perspectiva que vai para além do espaço e do tempo. Por isso também a nossa geração poderá estar incluída  em suas ameaças. Transcrevo alguns trechos do capítulo 24 como advertência e material de meditação:
“O mesmo acontecerá ao credor e ao devedor: a Terra será totalmente devastada. Ela foi profanada pelos seus habitantes porque transgrediram as leis, passaram por cima dos preceitos, romperam a aliança eterna. Por esta razão, a maldição devorou  a Terra e são culpados os que nela habitam…A Terra se quebra, é abalada violentamente e é fortemente sacudida. A Terra cambaleia  como um bêbado, é agitada como uma choupana…A lua sera confundida e o sol terá vergonha”.
Jesus, o derradeiro e maior de todos os profetas adverte: “Uma nação se levantará contra outra e um reino contra outro. Haverá fome e peste e terremotos em diversos lugares”(Mateus 24, 7). “Na Terra angústia tomará conta das nações perturbadas pelo bramor do mar e das ondas. As pessoas desmaiarão de medo e de  ansiedade pelo que virá sobre toda a Terra pois as  forças do céu serão abaladas (Lucas 22, 25-27).
Não ocorrem cenas semelhantes nos tsunamis do sudeste da Ásia, em Fukushima no Japão, nos grandes tornados e tufões como o Kathrina e o Sandy nos Estados Unidos e em outros lugares do planeta? As pessoas não são tomadas de pavor ao assistir a devastação  ao ver os solos cobertos de cadaveres? Estas catástrofes não ocorrem por acaso mas acontecem porque rompemos a aliança sagrada com a Terra e seus ciclos. São sinais e analogias que nos chamam à responsabilidade.
Curiosamente, apesar de todos os cenários de dizimações, a palavra profética sempre termina com a esperança. Diz o profeta Isaías: “Deus tirará o véu de tristeza que cobre todas as nações. Ele enxugará as lágrimas de todas as faces… Naquele dia se dirá: este é o nosso Deus; nos esperamos nele e ele nos salvará” (25,7.9). E Jesus arremata  prometendo: “Quando começarem a acontecer estas coisas, tomai ânimo  e levantai a cabeça porque se aproxima a libertação” (Lucas 21,28).
Depois destas palavras proféticas não cabe  comentário; apenas o silêncio pesaroso e  meditativo.
(*) Leonardo Boff, teólogo, é autor de “Saber Cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra”, Petrópolis, Vozes.
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